quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aprendiz de Viajante

"Um dia a maioria de nós irá separar-se… Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo... Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: «Quem são aquelas pessoas?» Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto! «Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!» A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrima abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"


Fernando Pessoa


segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Do you still remember me?

Sozinho

Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
O antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus segredos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

Caetano Veloso

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Aqui ou Lá?

Durante a última semana na santa terrinha tive a fantástica oportunidade de poder rever durante mais do que cinco minutos muitas pessoas que foram importantes no meu crescimento e que contribuiram para que eu fosse como sou hoje. Por mais estranho que pareça mil vezes pensei na resposta a uma pergunta que nunca pensei q iria pôr a mim própria: “Será que eu pertenço aqui?”. Afastei-me, sim é verdade. Por culpa minha de certeza, dos outros também talvez. Deixámos de partilhar os mais pequenos momentos que fossem e hoje não é aqui que me sinto em casa, não é com estas pessoas que me identifico. Não apago os momentos que pássamos, não choro por achar que não aproveitei tudo aquilo que uma adolescente pode viver. Aqui fui feliz! Sem qualquer dúvida! Afirmo isto sem o menor receio. Mas a vida dá as maiores voltas e eu dei uma volta enorme, que me mostrou qualquer coisa que sempre sonhei, que me deu as maiores amizades, mesmo depois daquelas que tinha. Vivi as maiores alegrias, as maiores histórias, amores, desamores, aventuras e desventuras. Sonhei, corri, chorei, saltei de alegria, partilhei tristezas. Aqui tinha grandes amizades, aqui tinha tudo. Mas hoje, mesmo depois de tomar um café não deixo de sentir a falta das gargalhadas de alguém, as bacoradas de outras pessoas, as histórias de vida que se completam, as aventuras que se partilham. Não sei se quero pertencer a dois lugares, a duas vidas que nada têm em comum, porque afinal as pessoas são diferentes, os ambientes são diferentes e às vezes conhecemos algo que nos faz abandonar uma vida e começar tudo de novo, do zero e voltar a ser felizes mas desta vez em grande plano. Uma volta de 180º? Sim! Boa? Fantástica! Mas isso ainda me faz pertencer aqui? Ou são apenas histórias de uma vida?

"Um dia deixará de ser apenas um dia e passará a ser o nosso dia"

Um dia largamos o orgulho que nos afasta e as birras de criança e sonhamos, vivemos, sentimos e sorrimos. Afinal ambos sabemos que por mais anos que passem, por maior que seja a tempestade, acabamos sempre por voltar a viver aquela loucura que nos une e separa desde crianças.

Um dia ... "um dia largamos tudo e fujimos juntos"

domingo, 19 de julho de 2009

Reticências não são pontos finais

Acreditava eu que tudo na vida tinha um ponto final, que um dia diziamos “chega!” e os momentos acabavam e não passavam de memórias. Mas afinal quando tudo isto recomeçou eu tinha razão: aquilo que nós vimos foram reticências e não o ponto final que pensámos que há muito existia. Conheco-te, conheces-me, conhecemo-nos. Sabemos cada palavra antes de a dizer, cada abraço antes de ele vir. Sabemos conversar apenas com uma troca de olhares, agarrar as mãos e sentir aquela segurança. Pela segunda vez na nossa vida deixámos de falar, deixámos que qualquer coisa tentasse superar esta amizade, mas afinal ela era das melhores e quando eu voltei tu vieste comigo, deste-me a mão e disseste que me conhecias e sabias que um dia eu ia cair com os pés na terra e ia falar contigo. Tinhas razão. Voltei. Mas não voltei como esperávamos. E agora estamos num circulo, aquele circulo que mostra as reticências de uma amizade desde crianças pequeninas pequeninas pequeninas. Hoje, depois de tantas zangas e reconciliações eu continuo a conhecer-te como poucos, contínuo a ser o apoio naqueles dias menos bons, contínuo a imbirrar contigo, mas também a sorrir. E agora? Agora “onde Deus me levar”…

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Perfeitamente Parvas!

Para vocês
que conhecem cada palavra e cada silêncio,
cada sorriso e cada lágrima,
cada momento, cada sentimento.

Para vocês
que me conhecem como poucos,
que entraram na minha vida de uma maneira espontânea e que eu não vou deixar sair,
que me habituaram a vossa presença de uma maneira inexplicável.

Para vocês
que conhecem as barrosãs,
os sorrisos de mil andares,
picoas e o estoril.

Só vos adoro! Minhas P - I LOVE YOU

Vou ter saudades vossas =$

Um frase vale mais que mil palavras

"- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu o principezinho com delicadeza. Mas ao voltar-se não viu ninguém.
- Estou aqui
, disse a voz, debaixo da macieira.
- Quem és tu?, disse o principezinho. És bem bonita…
- Sou uma raposa, disse a raposa.
-Anda brincar comigo, propôs-lhe o principezinho. Estou tão triste…
- Não posso brincar contigo, disse a raposa. Ainda ninguém me cativou.
- Ah! Perdão,
disse o principezinho.
Mas depois de ter reflectido, acrescentou:
- Que significa “cativar”?
- Tu não deves ser de aqui
, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que significa “cativar”?
- Os homens,
disse a raposa, têm espingardas e caçam. É uma maçada! Também criam galinhas. É o único interesse que lhes acho. Andas à procura de galinhas?
- Não
, disse o principezinho. Ando à procuro amigos. Que significa “cativar”?
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu,
disse a raposa, Significa “criar laços…”
- Criar laços?
- Isso mesmo,
disse a raposa. Para mim, não passas por enquanto, de um rapazinho em tudo igual a cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu não precisas de mim. Para ti, não passo de uma raposa igual a cem mil raposas. Mas, se me cativares, precisaremos um do outro. Serás para mim único no mundo. Serei única no mundo para ti…
- Começo a compreender,
disse o principezinho. Existe uma flor… creio que ela me cativou…
- É possível.
- disse a raposa.- Vê-se de tudo à superfície da Terra…
- Oh! Não foi na Terra,
disse o principezinho.
A raposa mostrou-se muito intrigada.
- Noutro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse tal planeta?
- Não.
- Isso tem muito interesse. E galinhas?
- Não.
- A perfeição não existe
, suspirou a raposa.

Mas voltou à mesma ideia.

- Levo uma vida monótona. Eu caço as galinhas e os homens caçam-me a mim. Todas as galinhas são iguais e todos os homens são iguais. Por isso me aborreço um pouco. Mas, se tu me cativares, será como se o Sol iluminasse a minha vida. Distinguirei, de todos os passos, um novo ruído de passos. Os outros passos fazem-me esconder debaixo da terra. Os teus hão-de atrair-me para fora da toca, como música. E depois, olha! Vês, lá adiante, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me dizem nada. E é triste! Mas os teus cabelos são cor cor de oiro. Por isso, quando me tiveres cativado, vai ser maravilhoso. Como o trigo é doirado, fará lembrar-me de ti. E hei-de amar o barulho do vento através do trigo…

A raposa calou-se e olhou por muito tempo o principezinho.

- Cativa-me, por favor, disse ela.
- Tenho muito gosto, respondeu o principezinho, mas falta-me tempo. Preciso de descobrir amigos e conhecer muitas.
- Só se conhecem as coisas que cativam
, disse a raposa. Os homens não têm muito tempo para tomar conhecimento de nada. Compram coisas feitas aos mercadores. Mas como não existem mercadores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
- Como é que hei-de fazer?, disse
o principezinho.
- tens de ter muita paciência, respondeu a raposa.Primeiro, sentas-te um pouco afastado de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo cantinho do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, de dia para dia, podes sentar-te cada vez mais perto…

No dia seguinte, o principezinho voltou.

- Era melhor teres vindo à mesma hora, disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas da tarde, às três já eu começo a ser feliz. À medida que o tempo avançar, mais feliz me sentirei. Às quatro horas já começarei a agitar-me e a inquietar-me; descobrirei o preço da felicidade. Mas se vieres a uma hora qualquer, nunca posso saber a horas hei-de vestir o meu coração… São preciso ritos.
- O que é um rito? disse o principezinho.
- É também qualquer coisa de que toda a gente se esqueceu, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias, uma hora diferente das outras horas. Há um rito, por exemplo, entre os meus caçadores. Dançam às quintas-feiras com as raparigas da aldeia. A quinta-feira é, por isso, um dia maravilhoso! Vou passear até à vinha. Se os caçadores dançassem num dia qualquer, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias.

Foi assim que o principezinho cativou a raposa. E quando se aproximou a hora da partida:

- Ah! disse a raposa… Vou chorar.
- A culpa é tua
, disse o principezinho,não queria que te acontecesse mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
- É certo
, disse a raposa.
- Mas vais chorar!, disse o principezinho.
- É certo, disse a raposa.
- Então não ganhas nada com isso!
-Ganho, sim,
disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Depois acrescentou:

-Vai ver as outras rosas. Compreenderás que a tua é unica no mundo. Quando voltares para me dizer adeus, faço-te presente de um segredo.

O principezinho foi ver as outras rosas.

-Vós não sois nada parecidas com a minha rosa; ainda não sois nada, disse-lhes ele. Ninguém vos cativou, nem vós cativastes ninguém. Sois como era a minha raposa. Não passava de uma raposa igual a cem mil raposas. Mas fiz dela minha amiga e agora é única no mundo.

E as rosas ficaram bastante aborrecidas:

-Vós sois belas, mas vazias, disse-lhes mais. Ninguém vai morrer por vós. É certo que, quanto à minha rosa, qualquer vulgar transeunte julgará que ela se vos assemelha. Mas, sozinha, ela vale mais do que vós todas juntas, porque foi ela que eu reguei. Porque foi ela que eu pus numa redoma. Porque foi ela que abriguei com um biombo. Porque foi por causa dela que matei as lagartas (excepto duas ou três para as borboletas). Porque foi ela e só ela que ouvi lamentar-se ou gabar-se, ou mesmo, por vezes calar-se. Porque é a minha rosa.

E voltando para junto da raposa:

-Adeus, disse ele.

-Adeus, disse a raposa. Vou dizer-te um segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invísivel para os olhos.

-O essencial é invísivel para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se recordar.

-Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.

-Foi o tempo que perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se recordar.

-Os homens esqueceram esta verdade. mas tu não deves esquecê-la. Ficas para sempre responsável por aquele que cativaste. És responsável pela tua rosa.

-Sou responsável pela minha rosa, repetiu o principezinho a fim de se recordar.”

O principezinho, Antoine Saint-Exupéry

Obrigada por seres responsável por tudo aquilo que cativas-te. Desde o início e que seja até sempre! Vou ter saudades suas =$


domingo, 5 de julho de 2009

O outro lado de mim...

Ontem alguém escreveu sobre a época de exames e sobre como isso tem uma influência enorme na nossa maneira de estar e de sentir. Apagaste porque destoa não foi amor? Hoje escrevo eu, porque acho que quando criei este blog não foi para partilhar bons ou maus momentos, foi para partilhar a vida. Então eu digo que desisti! Vivi uma fase na minha vida que me tirou toda a auto-confiança, que me rebaixou e acabou comigo e hoje, às vezes, não me sinto capaz de ultrapassar tudo sozinha exactamente por causa disso. Agora, eu que sempre ouvi dizer que era uma pessoa forte, não sou mais capaz de acreditar que consigo fazer aquilo que quero e ultrapassar esta última semana que chega e nos deita abaixo, porque não nos deixa compreender aquilo que espera de nós. Eis então que se mostra mais uma faceta de mim, em que “eu já perdi a confiança, não sei sonhar”. Mas sabem, se eu acho que não consigo, tenho a certeza que outros conseguirão, portanto fica aqui uma palavra para todos vocês: “YOU CAN DO IT”.